quarta-feira, 2 de abril de 2014

43 – A Caixa Econômica Federal durante o Regime Militar.

                      Olá, pessoal,
                      Um chegado meu disse que não amo a CEF, da qual sou aposentado e nem amo o Brasil. Ledo engano. Vejam o que acho.
                       Não pude resistir a resolvi gastar mais um pouco do meu precioso tempo escrevendo mais, coisa que acho já estar viciado a fazer. Socorro. Não quero passar a vida toda escrevendo.                           
                      Quando entrei na CEF, durante o Regime Militar e o chamado capitalismo que os comunistas vieram combater, em 1978 uma velha colega de trabalho me disse que antes da unificação até licença naqueles dias de TPM das mulheres, elas tinham todo o mês.
                      Antes de meu ingresso na CEF já unificada, houve um presidente maravilhoso na CEF chamado Carlos Richibieter que vocês podem consultar no Google. Pessoa inteligentíssima e um dos trabalhadores para o Regime Militar que era responsável pela CEF, foi do Banco do Brasil e Ministro. Com ele tivermos muitas conquistas. Teria sido a melhor época para os funcionários da CEF.
                       Imaginem que depois que eu entrei na CEF tiemos a conquistar as 6 horas influenciados pelas manifestações das diretas já com a campanha 6 Horas Já. Antes trabalhávamos 8 horas.
                       Durante a Ditadura Militar e um capitalismo que “dava um coro nos comunistas”, trabalhar na CEF era assim;
                       Não existia assédio moral. Aqueles trabalhadores impossíveis, improdutivos e problemáticos que podiam aposentar a caixa aposentavam e dava psicólogos para acompanhamento com assistência da Associação de Pessoal da CEF que hoje é a APCEF.
Na época não podíamos fazer parte do Sindicato dos Bancários. Digo mesmo que começamos a sofrer mais quando nos sindicalizamos. Quem não podia aposentar eles transferiam para um lugar “chocho” qualquer onde não precisariam trabalhar, em geral, o almoxarifado. Nada cobravam daquelas criaturas imprestáveis e tratavam-nos como coitadinhos. Eu mesmo não aprovava isso, mas, que o tratamento era 5 estrelas, há isso era!
                       Nesse regime autoritário, “um trabalhador pé de chinelo desqualificado” como eu era, mesmo inteligentíssimo como sou, oh modéstia, era “pé de chinelo” por ser insignificante na hierarquia, tinha muitos direitos.
                       Se não me engano, tenho até os contra cheques dessa época que posso mostrar, vou ver se acho.
                       Os salários nominais eram excelentes e um funcionário sem função mais antigo poderia ganhar de 10 a 20 salários mínimos da época que não podemos comparar friamente com os salários de hoje, mas, era um bocado de dinheiro. Pagavam tudo que era contribuição social.
                       Tínhamos férias, 13º salário, um salário inteirinho de abono em fevereiro, outro abono em outubro, esqueci-me das rubricas, mas me lembro que chegamos a receber 17 salários em um ano. Podíamos acumular ao invés de receber e tirar tudo junto com as férias quando quiséssemos, ou receber em dinheiro alguns dias ou todo o que tínhamos acumulado. As funções de confiança eram em cascata. Um gerente entrava em férias e toda a hierarquia de baixo ia substituir o posto imediatamente posterior. Uma mulher com função de confiança que ganhasse neném, fazia as funções de confiança abaixo dela na hierarquia substituí-la por todos os meses de licença maternidade que se emendava com as férias e com as licenças dos abonos que podiam ser convertidos em folgas em vez de ganharmos o dinheiro. A Associação de pessoal, atual APCEF, recebia contribuições da CEF, a sede era dentro da dependência da própria CEF, e o terreno para o clube é de propriedade da CEF dado em comodato para os empregados ficarem felizes.
                        Quem tinha crianças pequenas como eu tinha, cada pequerrucho ganhava um presente de boa qualidade na festa de Natal na APECEF.
                       O povo nas ruas era feliz sem passeatas e protestos violentos e nada sabiam do movimento revolucionário e da luta que era travada para nos livrar dos comunistas.
                       Essa luta era de estudantes doutrinados por professores das universidades muito bem intencionados, mas, era professores “cabeça oca”, que pensavam estar fazendo um bem para o país. Disso eu fiquei sabendo depois, porque em meu curso médio no Colégio Municipal de Belo Horizonte nem entre o povo em geral ninguém sabia de nada. Só sabíamos que uns baderneiros queriam transformar a gente em comunistas. Nem sabíamos o que era ser comunista. Um tio meu me dizia que era uma coisa horrível. Hoje eu tenho certeza que ele estava certo.
                        Quando o Partido Socialista do Fernando Henrique entrou no poder podíamos esperar que, sendo socialista, do lado dos trabalhadores, nossa vida iria melhorar. Ai, ai... Ficamos 8 anos sem aumento de salários e com cobranças de metas de venda de cartões de crédito e produtos bancários cada vez maior.
                        Posso afirmar, sem medo de errar, que foi ai que fiquei sabendo o que era assédio moral na CEF.
                        O Lula desenvolveu uma política de empreguismo e de salários muito melhor para nós, mas, manteve as cobranças capitalistas que só o socialista consegue fazer. No Brasil da Ditadura Capitalista, a gente não sabia dessas cobranças, nem na CEF nem nas empresas privadas até mesmo porque a concorrência era menos acirrada que hoje.
                        Acho interessante como os capitalistas sabiam serem socialmente sensíveis e os socialistas que vieram serem tão capitalistas e insensíveis. Depois fiquei sabendo que são cruéis e encostam as pessoas no paredão.
                        Bem, hoje a CEF está aí como é ainda ótimo de se trabalhar e ter segurança, porém, nem se compara com as mordomias que tínhamos no passado.
                        Eu amo a CEF, mas, acho que ela e todas as empresas que o governo influencia são deficitárias. Para mantê-las o governo lança mão de endividamento interno do governo que já está em 3 trilhões, com pagamento de juros e de socorro do BNDES que recebe os recursos do Banco Central.
                       Não vão quebrar nunca, são empresas “inquebráveis”.

                       Perguntem a empregados aposentados da CEF, se possível que sejam mais velhos que eu uns 10 anos, ou seja, de 70, 72 anos e saibam melhor o que explico acima.

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