Olá, pessoal,
Um chegado meu disse que
não amo a CEF, da qual sou aposentado e nem amo o Brasil. Ledo engano. Vejam o
que acho.
Não pude resistir a
resolvi gastar mais um pouco do meu precioso tempo escrevendo mais, coisa que
acho já estar viciado a fazer. Socorro. Não quero passar a vida toda
escrevendo.
Quando entrei na CEF,
durante o Regime Militar e o chamado capitalismo que os comunistas vieram
combater, em 1978 uma velha colega de trabalho me disse que antes da unificação
até licença naqueles dias de TPM das mulheres, elas tinham todo o mês.
Antes de meu ingresso na
CEF já unificada, houve um presidente maravilhoso na CEF chamado Carlos
Richibieter que vocês podem consultar no Google. Pessoa inteligentíssima e um
dos trabalhadores para o Regime Militar que era responsável pela CEF, foi do
Banco do Brasil e Ministro. Com ele tivermos muitas conquistas. Teria sido a
melhor época para os funcionários da CEF.
Imaginem que depois que
eu entrei na CEF tiemos a conquistar as 6 horas influenciados pelas
manifestações das diretas já com a campanha 6 Horas Já. Antes trabalhávamos 8
horas.
Durante a Ditadura
Militar e um capitalismo que “dava um coro nos comunistas”, trabalhar na CEF
era assim;
Não existia assédio
moral. Aqueles trabalhadores impossíveis, improdutivos e problemáticos que
podiam aposentar a caixa aposentavam e dava psicólogos para acompanhamento com
assistência da Associação de Pessoal da CEF que hoje é a APCEF.
Na época não podíamos fazer
parte do Sindicato dos Bancários. Digo mesmo que começamos a sofrer mais quando
nos sindicalizamos. Quem não podia aposentar eles transferiam para um lugar “chocho”
qualquer onde não precisariam trabalhar, em geral, o almoxarifado. Nada
cobravam daquelas criaturas imprestáveis e tratavam-nos como coitadinhos. Eu
mesmo não aprovava isso, mas, que o tratamento era 5 estrelas, há isso era!
Nesse regime
autoritário, “um trabalhador pé de chinelo desqualificado” como eu era, mesmo
inteligentíssimo como sou, oh modéstia, era “pé de chinelo” por ser
insignificante na hierarquia, tinha muitos direitos.
Se não me engano, tenho
até os contra cheques dessa época que posso mostrar, vou ver se acho.
Os salários nominais
eram excelentes e um funcionário sem função mais antigo poderia ganhar de 10 a
20 salários mínimos da época que não podemos comparar friamente com os salários
de hoje, mas, era um bocado de dinheiro. Pagavam tudo que era contribuição
social.
Tínhamos férias, 13º salário,
um salário inteirinho de abono em fevereiro, outro abono em outubro, esqueci-me
das rubricas, mas me lembro que chegamos a receber 17 salários em um ano.
Podíamos acumular ao invés de receber e tirar tudo junto com as férias quando
quiséssemos, ou receber em dinheiro alguns dias ou todo o que tínhamos
acumulado. As funções de confiança eram em cascata. Um gerente
entrava em férias e toda a hierarquia de baixo ia substituir o posto
imediatamente posterior. Uma mulher com função de confiança que ganhasse neném,
fazia as funções de confiança abaixo dela na hierarquia substituí-la por todos
os meses de licença maternidade que se emendava com as férias e com as licenças
dos abonos que podiam ser convertidos em folgas em vez de ganharmos o dinheiro.
A Associação de pessoal, atual APCEF, recebia contribuições da CEF, a sede era
dentro da dependência da própria CEF, e o terreno para o clube é de propriedade
da CEF dado em comodato para os empregados ficarem felizes.
Quem tinha crianças
pequenas como eu tinha, cada pequerrucho ganhava um presente de boa qualidade
na festa de Natal na APECEF.
O povo nas ruas era
feliz sem passeatas e protestos violentos e nada sabiam do movimento
revolucionário e da luta que era travada para nos livrar dos comunistas.
Essa luta era de
estudantes doutrinados por professores das universidades muito bem
intencionados, mas, era professores “cabeça oca”, que pensavam estar fazendo um
bem para o país. Disso eu fiquei sabendo depois, porque em meu curso médio no
Colégio Municipal de Belo Horizonte nem entre o povo em geral ninguém sabia de
nada. Só sabíamos que uns baderneiros queriam transformar a gente em comunistas. Nem
sabíamos o que era ser comunista. Um tio meu me dizia que era uma coisa
horrível. Hoje eu tenho certeza que ele estava certo.
Quando o Partido
Socialista do Fernando Henrique entrou no poder podíamos esperar que, sendo
socialista, do lado dos trabalhadores, nossa vida iria melhorar. Ai, ai...
Ficamos 8 anos sem aumento de salários e com cobranças de metas de venda de
cartões de crédito e produtos bancários cada vez maior.
Posso afirmar, sem medo
de errar, que foi ai que fiquei sabendo o que era assédio moral na CEF.
O Lula desenvolveu uma
política de empreguismo e de salários muito melhor para nós, mas, manteve as
cobranças capitalistas que só o socialista consegue fazer. No Brasil da
Ditadura Capitalista, a gente não sabia dessas cobranças, nem na CEF nem nas
empresas privadas até mesmo porque a concorrência era menos acirrada que hoje.
Acho interessante como
os capitalistas sabiam serem socialmente sensíveis e os socialistas que vieram
serem tão capitalistas e insensíveis. Depois fiquei sabendo que são cruéis e
encostam as pessoas no paredão.
Bem, hoje a CEF está aí
como é ainda ótimo de se trabalhar e ter segurança, porém, nem se compara com
as mordomias que tínhamos no passado.
Eu amo a CEF, mas, acho
que ela e todas as empresas que o governo influencia são deficitárias. Para
mantê-las o governo lança mão de endividamento interno do governo que já está
em 3 trilhões, com pagamento de juros e de socorro do BNDES que recebe os
recursos do Banco Central.
Não vão quebrar nunca,
são empresas “inquebráveis”.
Perguntem a empregados
aposentados da CEF, se possível que sejam mais velhos que eu uns 10 anos, ou
seja, de 70, 72 anos e saibam melhor o que explico acima.
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